domingo, 15 de agosto de 2010

ESCRITOR FERNANDO TARGINO DA CUNHA



A OUTRA METADE


Que a força do medo que eu tenho, não me impeça de ver o quanto sei.
que a morte de tudo o que acredito, não me tape os ouvidos e a boca.
porque metade de mim é o que eu grito.
mas a outra metade é silêncio...
que a música que eu ouço ao longe, seja linda, ainda que triste...
que a mulher que eu amo, seja para sempre amada mesmo que distante.
que as palavras que eu falo, não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
porque metade de mim é o que ouço,mas a outra metade é o que calo.
que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
porque metade de mim é o que eu penso,mas a outra metade é um vulcão.
que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
que o espelho reflita em meu rosto, um doce sorriso,que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
e que o teu silêncio me fale cada vez mais.
porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não sabia.
e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
e que a minha loucura seja perdoada.
porque metade de mim é amor, e a outra metade....
também .

(Autor Mú)

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